quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pastoral da Terra entrega ao governo lista de "marcados para morrer"

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) apresentou nesta terça-feira (31), durante encontro convocado pela ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, uma lista de cidadãos “marcados para morrer”. Com o intuito de discutir a violência no campo e os assassinatos de quatro pessoas na região Norte na última semana, a CPT apresentou também detalhes do trabalho de coleta de dados relativos a conflitos no campo em todo o país que ela organiza.

A CPT vem há anos denunciando ações desse tipo em todo o país. Seu relatório anual, Conflitos no Campo Brasil, publicado anualmente há 26 anos, traz denúncias tanto de pessoas assassinadas e áreas em conflito, quanto de pessoas que são ameaçadas em todo o país. Segundo a CPT, a morosidade do governo e dos órgãos de fiscalização competentes ajuda para que se mantenha esse grau de violência no campo brasileiro.

De acordo com dados da CPT, de 2000 a 2010, 1.855 pessoas em todo o país foram ameaçadas pelo menos uma vez. Desse total, 207 pessoas foram ameaçadas mais de uma vez, sendo que 42 acabaram sendo assassinadas e 30 chegaram a sofrer tentativa de assassinato. De 2000 a 2010, foram assassinadas 401 pessoas em todo o país.

Mortes anunciadas

Na semana passada, em cinco dias, a CPT destaca que foram quatro trabalhadores e trabalhadoras, defensores dos direitos dos camponeses e da floresta, os que tombaram diante do poder e da impunidade persistente no campo. O casal de ambientalistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo, vinha recebendo ameaças desde 2001, segundo registros da CPT. Denúncias foram feitas aos governos estadual e federal, e mesmo assim a morte desses dois lutadores se concretizou.

Da mesma forma, Adelino Ramos, Dinho, trabalhador rural no sul do Amazonas, também foi morto enquanto vendia as verduras que produzia no assentamento onde vivia. Ele, sobrevivente do massacre de Corumbiara, em Rondônia, ocorrido no ano de 1995, denunciou no ano passado, em reunião com ouvidor agrário nacional, Gercino Filho, em Manaus, que estava jurado de morte. E mais esse crime se concretizou.

Já no dia 28 de maio, um assentado de 25 anos, Herenilton Pereira, foi encontrado morto perto do local onde o casal havia sido assassinado. Há indícios de que ele havia visto os motoqueiros que atiraram nos ambientalistas e, por isso, também foi morto.

Com agências

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