segunda-feira, 20 de junho de 2011

Espanha: 150 mil protestam contra modelo político e econômico



Ao menos 150 mil manifestantes tomaram ruas das principais cidades da Espanha neste domingo (20) em protestos contra o alto índice de desemprego, as perspectivas econômicas e os políticos. Apoiado por diversos grupos sociais, o movimento reivindicativo 15-M saiu reafirmou sua indignação com o modelo político e econômico imperante na Europa.
Calcula-se que na capital, Madri, o número de manifestantes tenha chegado a 35 mil, enquanto em Barcelona até 50 mil tenham caminhado no centro da cidade, segundo estimativas da polícia. Pelo menos sete marchas partiram de diversos pontos da capital espanhola.

"Temos que fazer uma nova democracia", disse um dos organizadores, ao ler um manifesto. "Devemos preparar uma greve geral. Vamos parar este país", disse o mesmo orador, pouco antes do fim do protesto.

Quase dois anos de recessão deixaram a Espanha com um índice de desemprego de 21,3% – o mais alto entre os 17 países da zona do euro – e fortemente endividada. Os protestos começaram em 15 de maio e encontraram eco entre espanhóis cansados das reduções salariais e dos aumentos de impostos para resolver a crise financeira, que foi criada pelos bancos e por grandes empresas.

Aos gritos de “Não nos representam” ou “Esta crise não a pagaremos”, milhares de pessoas se dirigiram para a praça Netuno, no centro da capital espanhola, perto da Câmara de Deputados. Com palavras de ordem de “Não a mais cortes sociais”, “Não à corrupção” e “Não somos mercadoria em mãos de políticos e banqueiros”, os manifestantes repudiaram o Pacto do Euro, uma série de medidas de ajuste aprovadas em março passado pelos líderes dos 17 países da zona euro para enfrentar a crise.

O plano exige dos governos da Eurozona compromissos com a moderação salarial, flexibilidade trabalhista, contenção da despesa em pensões e prestações sociais e coordenação de políticas fiscais. Para os Indignados, os banqueiros e os políticos são os culpados por cortar os salários, baratear as demissões, precarizar as condições dos trabalhadores, aumentar a idade de aposentadoria e reduzir as pensões.

O manifestante Antonio Cortes, 58, disse que os trabalhadores espanhóis arcam com o maior peso da crise financeira: "Esses cortes todos não deveriam ser voltados à classe trabalhadora". Para enfrentar a pressão, o governo vem reduzindo os gastos públicos, congelando pensões e elevando a idade mínima da aposentadoria.

Eles também são acusados pela privatização e saque dos serviços públicos, o aumento dos impostos aos setores mais prejudicados pela crise econômica e pelos quase cinco milhões de desempregados na Espanha, a taxa mais alta da União Europeia.

Em um comunicado, a Democracia Real Já, plataforma que serviu de origem para o 15-M, sublinhou que o Pacto do Euro é um novo ataque ao bem-estar social e à soberania dos cidadãos.

A Espanha mergulhou em recessão em 2008, depois do estouro de uma bolha imobiliária. Com isso, os gastos de consumidores, movidos pelo crédito, foram interrompidos. Até agora, o país não precisou nem buscou um resgate internacional, como fizeram Grécia, Irlanda e Portugal, que também são membros da zona do euro.

Mesmo assim, seus problemas econômicos estão assustando outras capitais europeias, em função das dimensões e da importância da economia espanhola.


Com informações das agências

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