segunda-feira, 26 de março de 2012

Tuberculose: Brasil reduz número de casos em 3,54% no último ano

 

No período de 10 anos, a taxa de incidência caiu 15,9% e a de mortalidade teve redução ainda maior: 23,4%.  Apesar dos avanços, doença ainda preocupa autoridades de saúde.


Dados do Ministério da Saúde revelam que, pela primeira vez, os casos de tuberculose foram inferiores a 70 mil. O número de casos registrados no último ano caiu 3,54%: foram 71.790 (2010) contra 69.245 (2011). Na última década, o Brasil registrou queda de 15,9% na taxa de incidência por tuberculose. Em 2011, foram registrados 36 casos da doença para cada 100 mil habitantes, contra 42,8 casos em 2001 (veja tabela 1 no fim do texto). Com relação aos óbitos, a redução foi ainda maior: a taxa de mortalidade caiu 23,4,% em uma década (ver tabela 2, no fim do texto). O país registrou 3,1 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes em 2001, passando para 2,4 em 2010.

Saúde lança campanha publicitária de enfrentamento à doença
Apesar dos avanços, a doença ainda preocupa as autoridades de saúde. No país, a tuberculose representa a quarta causa de óbitos por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com aids.Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que seja realizado o teste anti-HIV em todos os pacientes com a doença. Em 2010, 60,1% dos casos novos foram testados para HIV.
“É importante fecharmos o ano, pela primeira vez, com menos de 70 mil casos. Os dados que temos apontam a redução da taxa de incidência. Mostra que o caminho está correto e que a tuberculose foi elencada como tema prioritário”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante evento em Brasília que marcou a passagem do Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose. “Neste contexto, é importante articularmos as ações de tuberculose com Atenção Básica para não só efetuar o diagnóstico como ampliar a atenção ao tratamento.”
Os investimentos do governo federalem ações de controle da doença aumentaram 14 vezes nos últimos nove anos.  Em 2002, os recursos destinados ao programa foram de US$ 5,2 milhões, aumentando para US$ 74 milhões em 2011.
INCIDÊNCIA - No estado do Rio de Janeiro, a taxa de incidência teve queda de 70,3 (2010) para 57,6 (2011), o que representa redução de 18,9% em um ano.  O Sudeste foi a região que apresentou a maior redução da taxa de incidência da doença no último ano. Em 2011, o Sudeste registrou taxa de incidência de 37,6 (por 100 mil habitantes) e, em 2010, esta taxa foi de 40,6.
Já na região Nordeste a taxa caiu de 36.9 (por 100 mil habitantes) para 35,9. A região Norte manteve a mesma taxa no período, 45,2, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste, apresentaram pequenas reduções, de 0,2 e 0,6, respectivamente.
O ministro Padilha citou dois grandes desafios para estados e municípios no combate à tuberculose. “Reduzir o índice de abandono do tratamento é fundamental para que possamos reduzir a mortalidade. O segundo é realizar ações específicas para as populações mais vulneráveis, como por exemplo, os Consultórios na Rua que hoje somam 100 serviços e podem diagnosticar com mais rapidez doença”.
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS - A doença é mais frequente entre grupos populacionais que vivem em condições desfavoráveis de moradia e alimentação e entre pessoas com sistema imune deficiente e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. O Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde definiu como prioritário as populações em situação de rua, a carcerária, os indígenas e as pessoas que vivem com HIV/Aids.
Em 2010, entre os casos novos de tuberculose notificados, cerca de 10% era de pessoas infectadas pelo HIV, a chamada coinfecção. A região Sul foi a que apresentou o maior percentual de pessoas com tuberculose e HIV (18,6% das pessoas com tuberculose tem o vírus), quase duas vezes superior à média nacional. Esse indicador está intimamente relacionado à realização do exame anti-HIV.
 AÇÕES - O Ministério da Saúde desenvolve estratégias para o controle da doença.  Entre as medidas que estão em curso, segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, se destaca a expansão do tratamento diretamente observado - atualmente, 71,5% das unidades de saúde oferecem este tipo de tratamento – e o aumento na cobertura das equipes de Saúde da Família. No ano passado, 56,3% dos casos de tuberculose foram notificados na Atenção Básica, sendo que, em 2001, era 25,2%.
“Os dados que dispomos refletem o esforço do programa nacional de tuberculose, em parceria com estados e municípios, a universalização do tratamento de HIV, que é um público mais sensível para o desenvolvimento da doença e a melhoria das condições de vida no Brasil, que ajudaram na redução da taxa de incidência”, afirmou o secretário Jarbas Barbosa.
Outra ação desenvolvida é o projeto de diagnóstico de tratamento da tuberculose entre pessoas que vivem com o HIV. O projeto está sendo realizado em 13 municípios brasileiros onde mais de 20% dos pacientes com tuberculose estão infectados pelo HIV. O Ministério da Saúde também está firmando parceria com a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) para o desenvolvimento de outro projeto que utiliza a telefonia celular para enviar mensagens aos pacientes com alertas sobre a importância do tratamento.
DESAFIO - O principal indicador utilizado para avaliar as ações de controle da tuberculose é o percentual de cura dos novos casos.  Uma das metas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é identificar 70% e curar, pelo menos, 85% dos casos, como medida para começar a reverter a situação da tuberculose.
Em 2010, o Brasil detectou 88% dos casos, no entanto, o alcance do percentual recomendado pela OMS para a cura ainda é um desafio. De 2001 a 2004, o país aumentou o indicador de cura, porém - a partir de 2005 – houve uma estabilização, com índices de 73,5%, em 2009, e 70,3%, em 2010. 
SINTOMAS – A tosse por mais de três semanas, com ou sem catarro, é o principal sintoma da tuberculose.  Qualquer pessoa com este sintoma deve procurar uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico e, caso for confirmada a doença, o tratamento deve ser iniciado imediatamente para que a cadeia de transmissão seja interrompida. Para o paciente conseguir a cura, deve realizar o tratamento durante seis meses, sem interrupção. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
TABELA 1 – Taxa de incidência por tuberculose (por 100 mil habitantes)
Região
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
  taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
Norte
51,2
51
50
50,6
47,2
45,9
45,3
46,3
47,6
45,5
45,2
Nordeste
46
44,1
46,1
45,9
45,4
40,7
38,8
38,6
38,4
36,9
35,9
Sudeste
44,4
48,7
47,3
45,5
42,7
41,3
40,6
42,1
40,7
40,6
37,6
Sul
32,2
34,6
35,4
34,1
32,4
30,4
31,6
32,7
33
33,2
33
Centro-Oeste
28,7
26,3
27,1
24,7
25,3
24
23
23,3
22
22,6
22
Brasil
42,8
44,4
44,4
43,4
41,5
38,7
37,9
38,8
38,2
37,6
36










 

TABELA 2 – Taxa de mortalidade por tuberculose (por 100 mil habitantes)
Região
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
taxa
Norte
2,9
2,3
2,5
2,4
2,3
2,3
2,3
2,4
2,4
2,2
Nordeste
3,1
3,2
3
3
3,1
3,1
3,1
3,1
3
2,8
Sudeste
3,7
3,4
3,2
3,1
2,7
2,7
2,6
2,7
2,6
2,6
Sul
2,3
2,2
2,1
2
1,8
1,7
1,7
1,8
1,7
1,6
Centro-Oeste
2
1,9
1,8
1,9
1,8
1,6
1,6
1,4
1,5
1,6
Brasil
3,1
3
2,8
2,8
2,6
2,6
2,5
2,6
2,5
2,4














Por Mauren Rojahn, da Agência Saúde
Atendimento à imprensa
3315-6266/3580

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